Origem:
É uma combinação de fatores étnicos, políticos, econômicos, religiosos e sociais que surgiram ainda na Idade Média. Começa no século XII, quando o rei inglês Henrique II tentou anexar a ilha da Irlanda ao seu reinado. Os irlandeses resistiram até o século XVII, porém a partir desta data milhares de britânicos passaram a se transferir para lá (principalmente para a província de Ulster). Assim, o mesmo território passou a ser ocupado por dois grupos hostis (os recém-chegados protestantes e os irlandeses católicos) um acreditando que suas terras haviam sido usurpadas e o outro temendo rebeliões.
Século XIX:
A Irlanda foi integrada ao Reino Unido da Grã-Bretanha por meio da assinatura do Union Act. Como as tensões continuavam, em 1920 o parlamento inglês criou duas regiões com autogoverno limitado na ilha: a de Ulster, ou Irlanda do Norte, com predomínio de protestantes, e a dos condados restantes, a Irlanda, com maioria católica.
IRA X Unicionistas:
Surge o movimento nacionalista que luta pelo fim do domínio britânico sobre a ilha. Esse movimento de resistência levará ao surgimento do Estado Livre da Irlanda ou Eire, em 1922. Mas a Irlanda do Norte ou Ulster continuará fazendo parte do Reino Unido. Os católicos que viviam na Irlanda do Norte - hoje 40% da população - continuaram insatisfeitos. E foi lá que se acirraram os conflitos entre grupos armados dos dois lados, como o Exército Republicano Irlandês (o IRA, católico e pró-independência) e os movimentos unionistas (protestantes e pró-Inglaterra).
Agravamento do conflito:
A partir do final dos anos 60 as hostilidades se agravaram. Em 1969, o governo britânico ocupou militarmente o Ulster e, em seguida, dissolveu o Parlamento de Belfast, assumindo as funções políticas e administrativas. Em 1972, mais de uma dezena de jovens irlandeses católicos foram mortos no Domingo Sangrento. A seguir, uma sucessão de atentados terroristas praticados pelo IRA indicavam a radicalização do conflito. Protestantes da Força Voluntária do Ulster, grupo paramilitar unionista, responderam com a mesma violência ao radicalismo católico.
Negociações para o fim do conflito:
Só em 1991, por iniciativa de ingleses e norte-americanos, iniciou-se uma rodada de negociações com a participação dos partidos do Ulster e do governo de Londres. Como o Sinn Fein - braço político do IRA - foi excluído das conversações, o diálogo fracassou. Finalmente, em 1998, Tony Blair (premiê inglês), Gerry Adams (Sinn Fein) e David Trimble (unionista), com a participação do ex-presidente norte-americano Bill Clinton, assinaram o Acordo do Ulster, que concedia mais autonomia ao país. Até 2000, mais de 30 anos de conflito, a lista de vítimas apresentava um total de mais de 3 600 mortos.
Conflitos nos Bálcãs:
Situada à sudeste do continente europeu, num ponto de interseção, entre a Europa e o Oriente Médio, os Bálcãs foi o caminho por onde trafegaram exércitos guerreiros em suas campanhas de conquistas desde a idade antiga: gregos, macedônios, romanos, Mongóis, bárbaros germânicos, eslavos, turcos, austríacos, alemães nazistas...
Idade antiga:
A região foi ocupada pelos gregos e pelos romanos que absorveram os povos autóctones, Ilirianos e Dálmatas, que ali habitavam e, esporadicamente, ocupada por povos de origens étnicas e religiosas diversas.
No século I funda-se de um reino pelos teutões, um povo germânico. No século VI chegam os croatas, católicos, e os sérvios cristãos ortodoxos, que pela diferença religiosa fundam reinos separados.
Primeiras soberanias:
No século XI as primeiras soberanias eslavas estavam instituídas: o Reino dos Croatas, Reino da Bósnia, e Reino dos Sérvios, mas as fronteiras variavam permanentemente. No século XIII chegam os turcos otomanos, que introduzem a religião islâmica.A situação assume contornos mais radicais no final do século XIX, quando os otomanos perdem terreno para os austríacos e para o nacionalismo sérvio. Os desdobramentos políticos da região serão decisivos na deflagração da Primeira Guerra Mundial.
Após 1ª Guerra Mundial:
No final da guerra, em 1918, apesar de austríacos e turcos se retirarem da área, vários sentimentos nacionalistas se sobrepõem. A difusão de governos socialistas na área, com exceção da Grécia, de alguma forma abafa o nacionalismo, mas com o fim da União Soviética em 1991, os problemas locais voltam a ser relevantes, em especial na Iugoslávia, estado criado a partir da Segunda Guerra, que reunia vários povos eslavos cristãos e muçulmanos. O estado iugoslavo é fragmentado em vários estados nacionais que passam a lutar entre si por disputas de fronteiras e por questões étnicas. A Europa sofre durante toda a década de 90 com este conflito, o primeiro desde a Segunda Guerra no continente, sendo que seus desdobramentos ainda estão sem solução, como é o caso da situação de Kosovo, que está entre a plena independência e o controle sérvio.
De 1990 aos dias atuais
Sérvia + Montenegro: Estas duas repúblicas continuavam relativamente unidas formando a nova Iugoslávia. A Sérvia conservava o governo comunista e o poder estava nas mãos de Soblodan Milosevic. Em 14 de março de 2002, os dois presidentes, Vojislav Kostunica (Sérvia) e Milo Djukanovic (Montenegro), assinaram um acordo que prevê reestruturar o Estado Iugoslavo, formando um Estado único com um novo nome: Sérvia e Montenegro. Religião: Maioria Cristã Ortodoxos
Croácia: Declarou sua independência da Iugoslávia em junho de 1991. A Sérvia não aceitou, entrou em guerra e ocupou 30% do território. Em janeiro de 92 foi assinado um cessar-fogo com supervisão da ONU. Em 1995, recapturou os territórios que tinha perdido para a Sérvia. Religião Cristã Católicos
Bósnia-Herzegovina: A Bósnia-Herzegovina integrava a República Socialista da Iugoslávia, juntamente com a Eslovênia e da Croácia. Em fevereiro de 92 aprovou, com referendo da população, sua independência, tornando-se um Estado soberano em 06 de março de 1992. Os sérvios e croatas, residentes na Bósnia não aceitaram e passaram a combater o governo bósnio com apoio do exército sérvio. Em novembro de 1992 conseguiram derrotar os sérvios e se tornaram independentes. O impasse continuou até 1995, quando um acordo pôs fim á guerra. A Bósnia foi dividida em duas entidades: Uma croata-mulçumana e outra Sérvia. Religião mulçumana
Eslovênia: Declarou sua independência em junho de 1991 e em dezembro se tornou um Estado independente. Parte do exército, fiel á Sérvia, se revoltaram, e atacaram os separatistas. Logo foram dominados e desde então a Eslovênia se manteve livre. Religião: cristãos católicos a maioria (88%) da população são de origem eslava, 2,7% de croatas, 2,4% de sérvios, 1,4% de muçulmanos, 5,9% de outras nacionalidades
Macedônia: Votou sua independência em setembro de 1992, mas muitos países não reconheceram a autonomia, devido litígio ainda existente com a Grécia. Á partir de 1995, houve o reconhecimento internacional. Nome oficial: Republika Makedonija - capital: Skopje Composição étnica: 67% macedônios - 23% albaneses - 4% turcos - 2% sérvios - 4% outros. Religião: 54% cristãos ortodoxos - 30% mulçumanos - 16% outros
Kosovo: Região que fazia parte da Servia, mas é disputada pelos albaneses (grande parte da população). Os Sérvios pretendendo expulsar os albaneses da região promoveu violentos combates no local com chacinas e torturas o que chamou a atenção da comunidade internacional. A ONU se envolveu e ocupa a região desde 1999 concedendo autonomia provisória a Kosovo (acordo de Rambouillet) e administrando-a juntamente com a OTAN. No momento, o território continua oficialmente fazendo parte da Sérvia. Religião: mulçumana. População: 82,2% de albaneses, 10% de sérvios, 2,9% de muçulmanos, 2,2% de ciganos, 2,7% de outras nacionalidades.
Albânia: Os albaneses estão entre as populações mais pobres da Europa. Na Macedônia os albaneses são considerados cidadãos de segunda classe. Em Kosovo, a população majoritariamente albanesa sofria as consequências da cruel política de “limpeza étnica” do ex-ditador sérvio Slobodan Milosevic. Atualmente, na Albânia, os grupos religiosos estão divididos em: Muçulmanos 70%, Católicos Ortodoxos Albaneses 20%, Católicos Apostólicos Romanos 10%.
A questão dos bascos:
Origem:
O povo basco teria ocupado a região da Península Ibérica por volta de 2000 a.C. tendo resistido a invasões e à dominação por outros reinos, inclusive os romanos. Sua cultura resistiu ao tempo e às conquistas, se tornando, a língua basca, a língua mais antiga falada atualmente na Europa, mesmo tendo surgido como língua escrita apenas no século XVI o que, apenas contribuiu para fortalecer o espírito nacionalista do povo basco. A questão basca, ou questão dos bascos, é um conflito territorial e étnico surgido no final do século XV e início do XVI com a unificação da Espanha em um só reino e a anexação da porção sul da região à Espanha e da porção norte da região à França. O País Basco, como pode ser chamado, é composto por sete regiões tradicionais: Álava, Biscaia, Guipúscoa e Navarra que compõem o território de Hegoalde na Espanha, e Baixa Navarra, Lapurdi e Sola que compõem o território de Iparralde na região francesa.
O ETA e a questão basca:
A principal característica da questão basca é que os bascos lutam para manter sua identidade como povo, sua língua, cultura e modo de vida. Ao invés de serem incorporados e suplantados por outra cultura, como a maioria dos povos que habitaram a Península Ibérica e a Europa. Outro ponto interessante é o apoio que a luta armada do grupo guerrilheiro ETA (Euzkadi Ta Askatana, que em vasconço significa “Pátria Basca e Liberdade”) tem da população basca. O ETA surgiu em 1959 como um movimento socialista fundado através da união de diversos grupos políticos que atuavam na região. Desde a Guerra Civil Espanhola (1936-39) e do bombardeio à cidade de Guernica pelos nazistas alemães como represália ao apoio do povo basco aos republicanos, então aliados dos anarquistas e socialistas e, a proibição do vasconço em todo o território basco pelo general Franco, o sentimento nacionalista basco foi se tornando cada vez mais forte. Estes fatos, também contribuíram para que o ETA decidisse pela luta armada e tivessem o apoio da população.Mas, com o final da ditadura de Franco em 1975 e os direitos cedidos pela Constituição de 1978 que defende o respeito pela diversidade cultural e lingüística, e de um estatuto especial assegurando à Catalunha, à Galiza e ao País Basco o direito de utilizar suas próprias línguas e ainda outros direitos que lhes confere certa autonomia, a guerrilha do grupo ETA começa a perder força ante a população basca.Desta forma, em março de 2006 o ETA declara uma trégua que durou apenas 14 meses. O ETA já decretou várias tréguas desde 1981, mas, apenas oito delas foram de fato efetivadas.
Hoje:
Atualmente o Partido Nacionalista Basco (PNV) tenta um acordo com o governo espanhol para a realização até o final de 2008, em caráter consultivo e, até 2010 de forma definitiva, de dois plebiscitos onde o povo basco decidirá sobre o tipo de governo a ser adotado e sobre a relação política entre o País Basco e a Espanha. No entanto, o primeiro – ministro espanhol, José Luis Zapatero, rejeita o plano Ibarretxe, como é chamado o plano lançado pelo PNV. Até lá as expectativas apontam que o ETA deverá decretar mais um cessar fogo como próximo ao plebiscito como manifestação de apoio ao PNV.
Conflitos no Cáucaso:
A região geopolítica do cáucaso constitui uma fronteira geográfica entre Ásia e Europa, é lar de vários povos e entidades políticas diferentes, forças predominantes na região - Rússia e Turquia. Duas grandes religiões monoteístas, o islã e o cristianismo brigam por espaço na região. Politicamente, a área reconhecida como cáucaso está dividida politicamente nas seguintes entidades:
No norte: Federação Russa; Chechênia; Inguchétia; Daguestão; Adiguésia; Cabárdia-Balcária; Carachai-Circássia; Ossétia do Norte; Krai de Krasnodar; Krai de Stavropol.
Na região norte do cáucaso destaca-se a questão da Chechênia, que se desenrola desde 1994, ano do início da Primeira Guerra Chechena e a Segunda Guerra Chechena iniciada em 1999. Os separatistas chechenos desejavam fundar um estado teocrático islâmico nesta república russa. Várias organizações clandestinas ainda continuam a lutar, através de atos terroristas, mas o governo russo vem reprimindo toda e qualquer manifestação. A república da Inguchétia, vizinha à da Chechênia, e também de população predominantemente islâmica, acabou atraída pelos conflitos em sua fronteira. No fim da década de 90 e no fim dos anos 2000, vários distúrbios civis ocorreram, necessitando da intervenção russa também nesta área. O Daguestão, que faz fronteira com a Chechênia e também de maioria islâmica desenvolveu um movimento de guerrilha que vem resistindo à repressão russa.
No sul: Abecásia; Armênia; Azerbaijão; Geórgia; Nagorno-Karabakh; Ossétia do Sul; Irã; Turquia.
A Abecásia vem desafiando o governo central da Geórgia. historicamente ligada a esta país, a Abecásia tem um movimento ativo de independência quase que desde a fundação da Geórgia, com o desmantelamento da URSS. A independência desta província georgiana é reconhecida pela Rússia e a Geórgia reconhece frequentemente a autonomia de Chechênia, Daguestão e Inguchétia. Outras duas nações independentes da região, Armênia, de maioria cristã, e Azerbaijão, nação muçulmana, estão em conflito constante desde as respectivas autonomias com o fim da URSS. A principal disputa gira em torno de Nagorno-Karabakh, uma república independente de facto do Azerbaijão, cuja população é de maioria armênia. Tanto Nagorno-Karabakh como a Armênia dividem a mesma moeda, além de outros aspectos de sua administração. Além da Abecásia, a Geórgia enfrenta problemas com outra república separatista, a Ossétia do Sul, também reconhecida pela Rússia, e que torna tensas as relações entre os dois países. Ali vivem russos, ossétios e georgianos, sendo que mais de dois terços dos habitantes da região são de ossétios, ligados culturalmente à Ossétia do Norte, que pertence à Rússia. Isso torna a região bastante diferente no aspecto cultural do resto da Geórgia, precipitando um movimento independentista que até já realizou eleições em 2009, não reconhecidas pela União Europeia. Com a situação de instabilidade econômica, social e política que vive a Geórgia, provavelmente esta ainda conviverá algum tempo com a fragmentação de seu território.
Referências:
www.folha.uol.com.br
www.e-dublin.com.br
www.eduquenet.net
www.publico.pt
www.historianet.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário